terça-feira, março 14, 2006


CONSTÂNCIA FEMININA/WOMANS CONSTANCY

Agora já me amaste por um dia inteiro.
Amanhã quando partires, o que dirás?
Irás antedatar algum voto mais recente?
Ou dizer que, agora,
Já não somos exactamente os mesmos de antes?
Ou que as juras, feitas por medo reverencial
Ao Amor e à sua ira, se podem renegar?
Ou, como veras mortes desligam veros casamentos,
À imagem destes, os contratos dos amantes
Unem só até que o sono, imagem da morte, os separe?
Para justificar teus próprios fins,

Tendo proposto mudança e falsidade, não terás tu
Outro meio senão a falsidade para seres sincera?
Lunática vã, contra tais evasivas eu poderia
Argumentar e ganhar, se quisesse,
O que me abstenho de fazer
Porque, amanhã, poderei vir a pensar como tu.
in "Poemas Eróticos", de John Donne

Mais um poema, onde o poeta rouba as palavras a muitos amantes...
....e este - John Donne, sabe-o fazer com muita arte...

1 comentário:

Paula disse...

Os contratos dos amantes são renováveis por tempo indefinido! E o seu sono não é trágico como o de Romeu e Julieta... imagem da morte! O sono dos amantes é apenas um momento que os levará a um auge - o acordarem juntos! Basta que ambos partilhem algo que pode ser tão simples como - acreditarem um no outro!
Grande poema Mary!
Beijocas